Abraça que passa

Da série Mulheres Maravilhas Impressionante como a solução mais simples é estranhamente a mais difícil a se vislumbrar. Uma mulher me fala que o primogênito de quatro anos não dorme bem desde que a caçula bebê nasceu. Nada surpreendente até aí. O nascimento do irmão é, para o primogênito, um presente que ele só vai conseguir desembrulhar lá na adolescência em alguns casos... bem, certamente não será nos primeiros anos. Ali é um pesadelo. E, falando nisso, eles vêm, e em cascatas. Os pesadelos, eu digo. Vamos pra solução. Música? Pai do lado da cama? Vó visitando mais? Pode ajudar, mas não vai no âmago. O mais simples: dorme junto! Faz um ninho e se agarra na cria (ou, no caso, nas crias). Simples e óbvio assim. Ele precisa sentir que ainda cabe naqueles braços, que ainda senta naquele colo, que ainda tem acesso ao cheiro e ao calor daquele corpo que ainda é extensão do dele. Por mais esforço pra mostrar que ele ainda tem lugar, esse lugar não é o mesmo e a dúvida simbólica surge assustadora à noite. E quem tem medo de fantasma quer colo de mãe, aquele que, é claro, não perdeu. Porque mãe de dois, três, quatro... dilata o coração, não o divide. E a mãe precisa saber que o filho está bem, precisa levantar da cama nenhuma vez ou o menos possível. “A cama é pequena, ele me chuta, não durmo bem...” Bom, acho que dorme melhor do que tendo que levantar até outro quarto 4 vezes por noite. Mas, de novo, vamos pro simples: colchão maior? Vários colchões emendados no chão? Cola cama da criança na do casal? Dorme na sala se o quarto é pequeno... Estética de interiores me parece menos necessária que paz e boas horas de sono. Ah, e, sim, você pode ter uma vida sexual. Em outro post falamos disso. Mas já adianto que a vida sexual viva não tem tanto a ver com o espaço físico delimitado, mas com o espaço interno que se preserva pra esse assunto. Criança junto não impede nada, criança separada não facilita nada. O que esse post complicado quer dizer é simples: tem choro à noite? Acolhe que passa. É delicioso pros dois lados, quiçá pros três. Aproveita que depois o ex-pequeno não vai querer abraço nem pintado de ouro. E, como dizem as vovós, passa rápido, minha filha...